domingo, 19 de maio de 2013

Saudade...

  E a lembrança daquela noite me atormenta, só de olhar o telefone eu me lembro perfeitamente como tudo aconteceu. Foi uma tortura, minha mãe após atender o telefone sentou-se no sofá com os olhos cheios de lágrimas, me posicionou na frente dele e disse: Seu pai... A partir dessas duas palavras eu já sabia o que havia acontecido, minha vida acabara de mudar, cai no sofá de imediato e comecei a chorar e gritar abraçada com ela: NÃO MÃE, MEU PAI TA EM CASA, ELE TA BEM, ELE TA EM CASA, ELE VAI VIM ME BUSCAR MÃE, ELE TA BEM...
  Confesso que eu não estava acreditando, eu estava desnorteada, andava de um lado para o outro, chorava, me tremia... Fui chorando até chegar no hospital. Quando entramos na casa dele para pegar uns documentos eu fui diretamente para o quarto da Sophia, dei uma volta nele e parei em frente ao berço e pensei em tudo o que ele tinha feito, fora ele que montara o quartinho dela, ele falava que queria vê-la crescer, meus olhos se encheram de lágrimas e então eu posicionei a minha cabeça no berço e chorei, estar naquela casa era demais para mim, minha mãe me levou até a sala achando que iria ajudar, mas não adiantou muita coisa, olhei aquele quadro de carrinhos que eu ajudei ele a escolher cada um, e me lembrei dele rindo naquela sala junto comigo, que dor saber que aquilo não iria se repetir. Me acalmei depois de sair dali, eu fiquei dentro do carro esperando as coisas se resolverem, a ficha demora a cair, eu estava sem chão, e a cada vez que eu me lembrava dele eu tinha que dizer para mim mesma " Ele não vem mais" e isso doi.
  Eu era muito agarrada com ele, apesar de não vê-lo muito, eu era apaixonada pelo meu pai, esse sentimento de amor entre pais e filhos ninguém nunca vai saber explicar, se ficar longe dele já doía, imagina agora que eu sei que ele não vai vim mais. Eu liguei pra ele, eu falo dele como se ele ainda estivesse aqui, como se ele ainda fosse vir me ver, como se isso tudo fosse uma mentira... Ninguém vai entender o que eu sinto, a dor de cada um é muito diferente da dor do outro. Já faz um mês que eu não vejo ele, já faz um mês que eu não sei mais o que é ver aquele sorriso de perto, já faz um mês que eu tento entender cada vez mais o por que eu ainda não acredito nisso. Eu já não sei mais o que está acontecendo, eu sinto ele comigo, mas eu não posso vê-lo. Tente entender o motivo das coisas e você verá o quão confuso que é, eu sinto falta do meu pai, eu quero ele aqui comigo de novo, eu quero ser chamada de magrela, ouvir ele dizer que eu vou ser sempre a princesinha do papai, eu quero ser enganada por ele, eu quero ele aqui no meu portão me esperando, eu quero o abraço dele e quero ouvir aquela gargalhada maravilhosa, onde está tudo isso? Onde foi parar? Eu só queria que fosse tudo diferente.

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